Jefferson Cardoso da Silva (na foto), 21 anos, tirou o passaporte e está preparando as malas para viajar aos Estados Unidos, na 2ª quinzena de agosto. Vai num intercâmbio, por três meses, para estudar inglês. Jefferson não é garoto de classe média, não estuda em colégios caros: é morador da comunidade do Pavão-Pavãozinho e ex-aluno do SOLAR.
Uma viagem tão improvável para um adolescente da favela é possível graças a um conjunto de fatores: o trabalho de uma ONG como o Solar Meninos de Luz; a parceria com uma instituição estrangeira, a BridgeLinguatec – que traz estudantes voluntários ao Brasil e oferece bolsas a brasileiros – e o esforço do próprio aluno. Maturidade, bom comportamento e boas notas são determinantes para a escolha daquele que participará do intercâmbio. Jefferson entrou para o SOLAR ainda bebê e 15 de seus 21 anos passou conosco, tendo concluído o Ensino Médio em 2008. Atualmente cursa o 1º período do curso de Sistema da Informação, na UniverCidade.
Antes de Jefferson, duas outras alunas da instituição já viveram a experiência de estudar nos EUA. Luma Cordeiro de Araújo, 19 anos, 11 dos quais estudando no SOLAR, ficou em Denver, Colorado, de julho a outubro de 2008. Elizabete dos Santos Pereira, 20 anos, morou por um ano em Springfield, Oregon (de agosto 2007 a julho 2008). Ela ingressou no SOLAR aos três anos e concluiu o Ensino Médio. Hoje, cursa o 4º período da faculdade de Turismo e é funcionária do Hotel Fasano. Luma está no 2º período do curso de Administração. Ambas também estudam na UniverCidade.
Tendo vivido em diferentes cidades, ambas relatam experiências e sentimentos semelhantes, que certamente serão compartilhados por Jefferson, que também ficará em Denver. As moças trouxeram na bagagem muito mais que o Inglês fluente, trouxeram também amadurecimento e enriquecimento cultural: conhecer novas culturas, novos hábitos, respeitar diferentes opiniões e pontos de vista diante de questões com que temos de lidar no cotidiano. Ter de “se virar” sozinha, dificuldades com a língua estrangeira, a saudade da família, da comidinha da mãe, do convívio com os colegas, do clima, das atividades de lazer, foram desafios vividos pelas estudantes, mas elas não têm dúvida de que a experiência foi valiosa para sua vida pessoal e profissional.
Nos EUA, Jefferson ficará hospedado com uma típica família norte-americana e frequentará um curso para aprimorar o inglês, idioma que já conhece por conta das aulas que teve no SOLAR e também pela prática da língua, pois o garoto, além de cursar a faculdade, é professor de na escola de surfe “Favela Surfe Clube”, localizada no Arpoador e ensina muitos estrangeiros que querem aprender o esporte.
O intercâmbio para estudantes de baixa renda é, quase sempre, um sonho fora de alcance, por isso torna-se tão especial que alunos do SOLAR consigam realizá-lo. E a superação das dificuldades acaba sendo o alicerce para que o jovem desenvolva autoconfiança, criatividade e se fortaleça interiormente, o que vem ao encontro da filosofia do SOLAR que celebra com a Bridge Linguatec seis anos dessa parceria vitoriosa.
Por Teresa Fazolo (jornalista voluntária)