Juan Barbosa, de 17 anos, entrou na ONG-escola Solar Meninos de Luz quando ainda era um bebê. Na infância se destacava nos esportes de luta por seu porte físico e, quando cursava o 5º ano do ensino fundamental, ingressou nas aulas de judô. O projeto no Solar foi interrompido por um período até que, no ano passado, voltou com uma novidade: a parceria técnica com o Instituto Reação. Ao saber, o jovem não perdeu tempo e logo se inscreveu na Escola de Judô Meninos de Luz, iniciada em agosto de 2018.
A parceria técnica com o Instituto Reação se mantém nesta 2ª edição, e o projeto segue com a equipe do Solar utilizando a metodologia cedida pela instituição do ex-judoca Flavio Canto. Isabella Maltaroli, diretora pedagógica do Solar, conta que a metodologia do Reação está alinhada com a filosofia da escola. “Somos uma instituição filantrópica e completamos, em agosto, 28 anos de atuação na educação integral. A parceria com o Reação veio para brindar nosso aniversário. Através do Ministério do Esporte, da Lei de Incentivo e dos patrocinadores conseguimos concretizar e renovar esta parceria técnica, em que toda a metodologia da arte marcial vem do Reação”, comemorou. O projeto, este ano (agosto 2019-julho 2019), é patrocinado pelas empresas Valid e Grupo Águas do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte e pelo Ministério da Cidadania – Secretaria Especial do Esporte.
A oficina de judô contempla 160 alunos, de 4 a 18 anos, que treinam duas vezes por semana na quadra esportiva da escola. O projeto, que segue a mesma linha dos demais pólos do Reação, não consiste apenas em ensinar os golpes e técnicas: os jovens aprendem a utilizar o esporte como instrumento educacional e de transformação social, formando, assim, faixas pretas dentro e fora do tatame.
O judô é conhecido por ser uma modalidade que carrega tradições e valores extremamente importantes para a formação do caráter das crianças, tanto institucionalmente quanto fora das salas. Além disso, o esporte envolve a área de coragem, humildade, respeito, disciplina e, claro, determinação dos alunos. O professor Cristiano de Oliveira conta que vê, claramente, as mudanças nos seus alunos: “O progresso é tanto técnico como social. Eles estão mais engajados e preocupados em ter um bom comportamento nas aulas, já que precisam ter desempenho positivo nas outras disciplinas para manterem a oportunidade no judô”.
Cursando atualmente o 2º ano do ensino médio, Juan manteve sua vaga na oficina e agora dedica-se aos treinos semanais de judô juntamente com o amigo Wesley Ferreira para participarem do próximo campeonato, que será em novembro. No anterior não pode participar pois não tinha completado 17 anos. O jovem judoca leva consigo o aprendizado que recebeu do mestre Flavio Canto, padrinho do projeto: “o judô não é uma luta para você ganhar. É uma luta para você cair e saber levantar”.
Para Juan essa frase é simples, mas muito importante em todos os esportes porque um bom perdedor também é vitorioso. “Você não pode construir moral só porque tem um monte de vitórias. Se você não tiver humildade, não é um vitorioso. Você precisa ser humilde e saber reconhecer os seus erros e tentar ajudar ao próximo com o aprendizado que tem”, comenta o rapaz com a sabedoria de quem sabe o caminho a seguir.